Caetité é um município brasileiro da Bahia, distante 757 quilômetros da capital do estado, Salvador e possui uma população em 2006 de 48.000 habitantes.
Além da sede, possui quatro distritos com as seguintes distâncias desta: Brejinho das Ametistas, a 24 km; Caldeiras, a 60 km; Maniaçu, a 28 km; Pajeú, a 26 km. Além disso, alguns povoados de maior importância se destacam, como Anguá, Campinas, Juazeiro, Santa Luzia e Umbuzeiro.
Com altitude de 825 metros, possui clima ameno, apesar de situada no semi-árido. Os períodos de maior insolação são nos meses de abril e agosto (200 horas) e sua temperatura média anual é de 21,4°C (média máxima de 26,8°C e mínima de 16,4°C).
Território originalmente habitado por indígenas da linhagem jê (tupinaens e pataxós), já no século XVII constituía-se em núcleo de catequese. Do final do século data a fazenda São Timóteo, entreposto do ouro que descia das chapadas para o porto de Parati (veja, neste sentido, Estrada Real), no Rio de Janeiro.
Em 1724 passa a pertencer à Vila de Rio de Contas, emancipada de Jacobina; em 1754 foi o arraial elevado a Freguesia.
Seu nome deriva do tupi: CAA (mata) ITA (pedra) ETÉ (grande), referência à formação rochosa a leste da cidade, conhecida por “pedra redonda”[5].
No final do século XVIII e começo do XIX, a população se mobiliza, comprando à Coroa o direito de tornar-se Vila, emancipando-se finalmente de Rio de Contas em 5 de abril de 1810, data maior da cidade. Foi elevada a cidade em 1867. De seu território originaram-se 47 municípios[6]:
Anajé (de Conquista, 1962); Aracatu (Brumado, 1962); Barra do Choça (Conquista, 1962); Belo Campo (Conquista, 1962); Boa Nova (Conquista, 1880); Bom Jesus da Serra (Poções,1989); Brumado (de Caetité, em 1877); Caatiba(Conquista, 1961); Caculé (de Caetité, em 1919); Caetanos (Poções,1989); Candiba (de Guanambi, 1962); Cândido Sales (Conquista, 1962); Caraíbas (Tremedal, 1989); Condeúba (1889); Cordeiros (Condeúba, 1961); Dário Meira; Encruzilhada (Macarani, 1952); Guajeru (Condeúba, 1985); Guanambi (seu território originalmente pertencia à Villa Nova, depois passou a Palmas de Monte Alto quando esta desmembrou-se de Macaúbas em 1840, por sua vez oriunda de Urubu em 1832); Ibiassucê (1943); Ibicuí (Poções, 1952); Igaporã (Caetité, 1953/58); Iguaí (Poções, 1952); Itagibá; Itambé (Conquista, 1927); Itapetinga (Itambé,1952); Jacaraci (Caetité, 1880); Lagoa Real (de Caetité,1989); Licínio de Almeida (Jacaraci/Urandi, 1962); Macarani (de Vitória da Conquista, 1921); Maetinga (J. Quadros, 1985); Maiquinique (Macarani, 1961); Malhada de Pedras (Brumado, 1962); Manoel Vitorino (Boa Nova, 1962); Mirante (Boa Nova, 1962); Mortugaba (Jacaraci, 1943?); Nova Canaã (Poções, 1961); Pindaí (Urandi, 1962); Piripá (Condeúba, 1962); Planalto (Poções, 1962);; Poções (Conquista, 1880/1923); Pres. Jânio Quadros (1961); Ribeirão do Largo (Encruzilhada, 1989); Rio do Antonio (Caetité, 1889); Tremedal (Condeúba, 1953); Urandi (de Caetité, 1889) e Vitória da Conquista (de Caetité, em 1840).
Tão logo emancipou-se, a Vila participa indiretamente das lutas pela Independência da Bahia, apoiando o Governo Provisório instalado na Vila de Cachoeira. Encerradas as lutas contra as tropas portuguesas no Recôncavo, em Caetité tem lugar o episódio do Mata-maroto, lutas entre brasileiros e portugueses, que se seguiram a 1823.
Foi, em 1817, visitada pela expedição de Spix e Martius, guardando boa impressão nos naturalistas, que consignaram a presença de uma Escola Régia de Latim[5].
Morada do Major Silva Castro, herói das guerras de independência, teve uma filha, Pórcia, raptada por Leolino Pinheiro de Azevedo, num drama que inspirou, no século seguinte, o romance Sinhazinha do acadêmico Afrânio Peixoto. Avô do poeta Castro Alves, a presença de Silva Castro foi um dos motivos pelos quais a cidade inda hoje comemora o 2 de Julho, data máxima do estado da Bahia[7].
No final do Século é visitada por Teodoro Sampaio, deixando o grande engenheiro a seguinte máxima: “Caetité assemelha-se ao viajante qual uma Corte do sertão“.[8]
Cresce em importância no cenário nacional, com os tribunos Aristides Spínola (ex-governador de Goiás e mais jovem parlamentar no Império) e Cezar Zama, grande polemista e maior adversário, na tribuna, de Rui Barbosa – ambos abolicionistas e republicanos[9].
Em 1894 faz o primeiro governador eleito do estado, Dr. Rodrigues Lima, genro do Barão de Caetité, assistindo pela primeira vez a ação efetiva do poder público estadual, com a modernização da instalações públicas (dentre outras ações, a construção de açudes, Cemitério Municipal, Mercado e a Primeira Escola Normal do alto sertão)[10].
No começo do século assiste à instalação da Missão Presbiteriana Brasil-Central, com a morada na cidade do Pastor Henry John McCall, e fundação da Escola Americana. Isso veio a incrementar a condição de pólo educacional sertanejo, ampliado inda mais com a instalação do colégio jesuíta São Luiz Gonzaga[5].
A política local, nesta época, é bipartite entre os Rodrigues Lima, na pessoa do Coronel Cazuzinha, e o Coronel Deocleciano Pires Teixeira (pai de Anísio Teixeira). Apesar das grandes dificuldades, é a primeira cidade do interior baiano a ter uma rede de energia elétrica – verdadeira epopéia vivida pelo alemão Otto Koehne[11]. Também a rede de água, a construção do Teatro Centenário e outras, são fruto da índole pioneira de seu povo, progressos até então ausentes em praticamente todas as cidades do país – ressaltando-se figuras como Durval Públio de Castro, na efetivação dessas melhorias[12].
No cenário político-cultural a cidade é berço de figuras como Nestor Duarte, a pintora Lucília Fraga, os escritores Marcelino Neves, João Gumes, Nicodema Alves e, mais recentemente, Vandilson Junqueira, Erivaldo Fagundes Neves e outros[13]. João Gumes foi, pessoalmente, o responsável por instalar em Caetité o primeiro jornal do alto sertão: o periódico A Pena[14], que hoje constitui-se no principal acervo do Arquivo Público Municipal de Caetité.
Teve sua diocese instalada em 1915, sendo empossado o primeiro bispo – dom Manoel Raimundo de Melo – e foi este mais um fator de desenvolvimento da cidade: a construção do primeiro aeroporto do sertão baiano, escala dos vôos da então Cia Aérea Sadia, o Círculo Operário, o Seminário São José e a Rádio Educadora Santana – foram alguns dos benefícios derivados da elevação da paróquia em diocese.
Na educação despontou o nome de Anísio Teixeira, lutando por reerguer a Escola Normal, depois transformada no Instituto que leva seu nome. Ali estudaram figuras como Newton Cardoso, Georgino Jorge dos Santos, Tânia Martins e muitos outros.
A ditadura militar de 64 foi um duro golpe para a cidade; secularmente defensora da liberdade, sua gente pareceu ao regime como potencial risco; os assassinatos obscuros de Anísio Teixeira e do poeta Camillo de Jesus Lima fizeram com que o tradicional pólo de educação e cultura assistisse ao declínio, nas décadas que se seguiram a 1970. Apesar disso, foi ali que teve início o trabalho de documentação das atrocidades do regime, capitaneado pelo Pastor Jaime Wright.
Em Caetité nasceram o músico Waldick Soriano, o político Prisco Viana (ex-ministro da Previdência Social), José Neves Teixeira e muitos outros nomes de relevo no cenário regional, estadual e nacional, como o ator-mirim Buiú, de A Praça É Nossa.
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Já em 1818 a pequena Vila Nova do Príncipe e Santana de Caetité impressiona a expedição de Spix e Martius.
Conhecida por sua educação e foco civilizador, Caetité foi berço de grandes personalidades da História estadual e nacional, como Cezar Zama (parlamentar, historiador), Plínio de Lima (poeta, colega e amigo de Castro Alves), Aristides Spínola (advogado, governador de Goiás 1879-80), Joaquim Manoel Rodrigues Lima (primeiro Governador eleito da Bahia) e seu irmão, dr. Antônio Rodrigues Lima, Anísio Teixeira (pedagogo), Joaquim Spínola (fundador da Revista dos Tribunais), Nestor Duarte (jurista, escritor), Paulo Souto (Governador da Bahia 1994-98; 2002-06), Prisco Viana (político, ex-ministro da República), Haroldo Lima (político), a pintora Lucília Fraga e o músico símbolo do estilo brega, Waldick Soriano, dentre outros.
Na pecuária destaca-se com um rebanho bovino com mais de 32 mil cabeças. Na mineração conta com ricas jazidas de urânio, ametista, manganês e ferro (esta descoberta no começo do século XXI). Na indústria possui importantes manufaturas têxteis e é pólo regional na cerâmica.
A jazida ferrífera virá a ser explorada pela companhia mineradora indiana instalada em joint-venture com o nome de Bahia Mineração Ltda – BML. O depósito conta com 4 a 6 bilhões de toneladas, e uma produção anual estimada em cerca de doze milhões de toneladas anuais – a terceira maior do Brasil.
A 3 de março de 2007 o Governador Jacques Wagner, o representante da mineradora Pramod Agarwal e o Prefeito Municipal participaram, na cidade, da cerimônia que celebrou a parceria das entidades públicas e da mineradora, esta última com investimentos estimados em cerca de 1,5 bilhão de dólares[15]. Em 2008 foi anunciada a venda de 50% da BML para uma empresa cazaque, a Eurasian Natural Resources, por trezentos milhões de dólares. O empreendimento prevê, ainda, a construção de um mineroduto até o Porto de Ilhéus.[16]
Com a crise energética ocorrida no final do governo FHC o grupo Iberdrola iniciou um projeto para a instalação na cidade, em 2002, de um complexo gerador de energia eólica, orçado à época em R$ 550 milhões. Com o Governo Lula, entretanto, este e outros projetos da cidade foram alvo de adiamentos e abandono, sem que os mesmos viessem a se concretizar. Este parque eólico seria composto por 130 geradores, com geração de duzentos megawatts de energia – e considerado estratégico para o desenvolvimento regional[17].
Em 2005 o Greenpeace, passando pela cidade, teve ocasião de registrar, junto a lideranças locais, a importância não apenas energética – mas sobretudo ecológica e econômica da instalação do parque[18].
A despeito disto, representantes eleitos pela cidade, como o deputado estadual Waldenor Pereira, ressaltam em sua propaganda oficial a importância desse modo de produção de energia, mas nenhum projeto, ou pleito por sua efetivação foram apresentados[19].
Segundo pesquisa anemométrica realizada em todo o estado da Bahia, Caetité apresenta o maior potencial eólico, em intensidade e freqüência dos ventos, além da pouca amplitude de direções destes, em todo o estado – o que torna a cidade o local onde tal projeto tenha a maior viabilidade [20].
O município apresenta características de cerrado e caatinga, estando aqueles presentes nas partes altas. Em meio ao cerrado – denominado localmente de “gerais” – surgem ilhas de mata com características de floresta tropical, chamadas de “capões”.
Os principais problemas ecológicos apresentados são o desmatamento indiscriminado, para a produção de carvão (destinado ao consumo das grandes siderúrgicas de Minas Gerais), bem como para atender ao pólo ceramista local.
Em Caetité foram identificadas diversas espécies vegetais, algumas delas únicas (caso da palmeira “coco de vassoura”), estudadas boa parte delas pelo New York Botanical Garden, na década de 1980.
A cidade foi descrita, no Corografia Brasílica, em 1817, como situada num “sítio lavado dos ventos”; mais tarde, o engenheiro Teodoro Fernandes Sampaio dissera que “Caetité se assemelha ao viajante qual uma corte do sertão”.
O poeta Mariano S. J. Matos cantou-a num belo soneto[21]: “(…)E, assim, em loira tela, pinto em versos / esboçando-te a grandeza e fidalguia / Porque tu és – oh! Caetité formosa! / Tradicional cidade, excelsa e honrosa / Onde a cultura tem soberania.”
A poesia teve em Castro Guerra diversos cantos dedicados a ela. Ele aqui morou, guardando imagens na memória como esta[22]:
Nicodema Alves, poetiza bissexta, cantou-lhe a saudade[23]:
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