Cedral é um município brasileiro do estado do Maranhão.
Cedral é originário de Guimarães, cujo território anteriormente ocupava, sendo desmembrado em 1964, através da lei estadual nº 2378 do mesmo ano. Deste modo parte da história do município está contida na história de Guimarães e, por extensão, na antiga Capitania de Cumã, sendo os primitivos habitantes descendentes de índios tupinambá, colonos de Portugal e Açores cuja ocupação por parte destes consta de aproximadamente 1760. Estes colonos brancos, estabeleceram-se em glebas de terras próximas a cursos d’água encobertos de vegetação ciliar característica de floresta pré-amazônica, de onde surgiram as primeiras fazendas e engenhos para o fabrico de açúcar.
A terra fértil, a abundância de nascentes, o clima úmido propiciaram as lavouras de algodão, mandioca e cana-de-açúcar e a criação de gado, que careceram de mão de obra escrava, fato que hoje se comprova através de povoações quilombolas e afro-descendentes no município. Ao longo dos anos a miscigenação foi inevitável, a população indígena foi totalmente extinta, restando apenas descendentes mestiços; brancos são minoria, negros e pardos formam a maioria da população.
A sede do município provém da antiga póvoa de Muinaréu, um distrito territorial de Guimarães, assim permanecendo até a alteração toponímica em 1964, quando da criação do município de Cedral, cujo nome atual atribui-se ao fato de os antigos moradores, principalmente as famílias Gonçalves, Passarinho (Passinho), Seguins, Martins, Ferreira, Amorim, Negreiros e Ewerton, alegarem haver grande número de árvores de cedro no lugar.
Outras Localidades
A sede localiza-se a uma latitude 02º00’01” sul e a uma longitude 44º32’10” oeste, estando a uma altitude de 30m. Sua população estimada em 2004 era de 10.636 habitantes, contudo em 2007, a partir do índice de natalidade observado e da fixação de migrantes de outros municípios atraídos pela atividade pesqueira e comércio, estima-se que a população esteja em torno de 12.000 habitantes. Possui uma área de 283,128 km², após o desmembramento do município de Porto Rico do Maranhão em 1994. Mais da metade do território cedralense é banhado pelo Oceano Atlântico e recortado pelas Reentrâncias Maranhenses.
Com a decadência do sistema colonial ao final do século XIX, predominou a cultura de subsistência em pequenas lavouras de mandioca. O processo agrícola ainda é arcaico e consiste da derrubada de mata (roçado), que posteriormente é queimada, empobrecendo ainda mais o solo, que vem já sendo utilizado há gerações. As matas originais praticamente não existem ou são raras. Além da mandioca para a produção de farinha d’água, farinha seca e tapioca, cultivam-se o arroz, milho, feijão, quiabo, maxixe, abóbora (jerimum) e outras curcubitáceas, além de ervas e leguminosas. Porém estas culturas não ultrapassam o índice relativo à pequena escala de produção, típico da cultura de subsistência.
O fabrico da farinha de mandioca na região é totalmente artesanal, sendo muito comum encontrar nos povoados casas de forno de farinha, cujo modelo é remanescente do período colonial, contudo nas três últimas décadas com a instalação de redes de energia elétrica, foram agregados outros recursos, como trituradores, que muito têm auxiliado a produção de farinha.
A criação de gado é uma atividade herdada também do tempo colonial. Não há grandes rebanhos, visto que as terras cedralenses não são propícias ao pasto. O boi é ainda é um animal de transporte de cargas, sendo ainda comum o uso do carro-de-bois. A carne bovina consumida diariamente em Cedral é proveniente de rebanhos de outros municípios, a saber: Pinheiro, Mirinzal e Central do Maranhão.
O pequeno latifúndio, geralmente sítios e quintais, também favorece a criação de aves, suínos e asininos, bem como o cultivo de árvores frutíferas, hortas de verduras, plantas medicinais, ervas comestíveis e condimentos, como por exemplo, o cheiro-verde, muito comum no tempero de peixes e mariscos.
A população habitante da zona rural pratica constantemente o extrativismo do babaçu, juçara, buriti, guajeru, bacuri, caju e murici A flora cedralense é um misto de espécies da floresta pré-amazônica, principalmente, do cerrado e de vegetação típica da zona costeira do Maranhão, apresentando uma extensa e rica área de manguezais. A caça predatória praticada deliberadamente ocasionou a extinção de alguns animais, como a paca, o veado suaçu, veado carioca, a cotia, o quati, o caititu etc… e as aves como a sururina, a saracura ou siriquara, a juriti, a perdiz, o jacu, o socó, o aracuã e etc…
Os manguezais são um viveiro natural para uma infinidade de mariscos e peixes, que dependem do ecossistema do mangue para alimentação e reprodução. Espécies como o guará e a garça dependem diretamente dos manguezais.
A pesca é um dos pontos fortes e a segunda fonte de renda das famílias cedralenses. A atividade é anual, com intervalos que dependem da influência das marés, dos ventos e das chuvas. Na pesca são utilizadas redes de nylon que são tramadas artesanalmente pelos próprios pescadores. São utilizados barcos de pesca fabricados em pequenos estaleiros comunitários na própria região, cujo trabalho também artesanal é uma herança portuguesa. Estes barcos são mencionados no hino cedralense, servindo como meio de transporte para a capital São Luís. Existem outros tipos de embarcações como a taroa, o catamarã, a biana e etc… o tráfego de canoas é mais comum nos igarapés.
A pescada (Cynoscion acoupa) e o camarão Farfantepenaeus subtilis) ainda são os principais produtos da pesca. Entre outros espécimes comuns da fauna ictiológica da região podemos citar:
Quanto aos mariscos: sarnambis, ostras, sururus, caranguejos (Ucides cordatus) e siris.
O município de Cedral e recortado por fluxos de água doce, pela grande quantidade de mananciais d’água cristalina, estes pequenos rios são protegidos por uma mata ciliar chamada igapó, sendo frequentemente usados pela população para o banho e diversão.
O trabalho artesanal ainda é comum na vida quotidiana, mas não há iniciativa para a produção tendo em vista fins lucrativos. Da palha do babaçu, fazem-se esteiras, abanos e cestos (cofos). Redes de algodão tecidas em tear manual e rendas de almofada (bilro) costume trazido pelos colonos portugueses estão em processo de desaparecimento.
O comércio de gêneros alimentícios industrializados, roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos e materiais de construção é crescente principalmente na sede do município
Cedral tem baixos índices de analfabetismo e a educação sempre foi considerada uma glória para os cedralenses, entretanto a educação básica tem deixado a desejar, pois não há investimento em qualificação do magistério. Existe apenas 1 biblioteca e 1 escola estadual, que oferece ensino médio ou formação geral no município, outras escolas são de iniciativa municipal e oferecem apenas educação fundamental. Muitos jovens após a conclusão do ensino fundamental ou médio deixam o município anualmente em busca de continuidade da formação, empregos e qualificação principalmente em São Luís, pois não existem universidades locais e a oferta de trabalho e renda é pequena.
Apesar dos abundantes recursos naturais, principalmente hídricos, que favorecem a existência de um bioma rico e diversificado, a pobreza é um problema que tem assolado gerações de cedralenses, em decorrência da falta de iniciativa no que diz respeito ao desenvolvimento de programas de beneficiamento da agropecuária familiar, pesca, extrativismo vegetal e outras culturas, a isto somam-se as péssimas administrações e a falta de políticas públicas voltadas para a aquisição de renda por parte das comunidades carentes. Não existem empresas privadas de grande porte e os empregos dependem de órgãos públicos. Boa parte das famílias sobrevive com benefícios do governo federal, como bolsa família e bolsa escola. Por dispor de um solo fértil, a fome e a seca não fazem parte da realidade do município, contudo as casas de pau-a-pique cobertas de pindoba são um retrato da pobreza.
A saúde é deficiente, Cedral dispõe de apenas um hospital-maternidade e de vários postos de saúde em povoados com população relevante o que não é suficiente para atender a demanda da população que necessita de atendimento específico e de serviços de saúde complexos, sendo compelidos muitas das vezes a viagens a outros municípios como Cururupu, Pinheiro e a capital maranhense para intervenções cirúrgicas e tratamentos de patologias mais graves. Contudo a população não é doentia, contando com serviços de água encanada em todos os povoados e coleta de lixo na sede.
Cedral tem um litoral abençoado, com praias de areia branca quartzosa, locais verdadeiramente paradisíacos. Outeiro, Pericáua, Restinga e Saçoitá são algumas das praias mais visitadas, contudo o acesso a essas praias ainda é difícil.
Em Outeiro a 2,5 km da sede, ocorre anualmente em 7 de setembro uma regata, a Regata de Outeiro como é chamada acontece há décadas, atraindo muitos turistas e visitantes, movimentando bares, pequenos hotéis e restaurantes.
O acesso se dá principalmente através da estrada vicinal MA-106 que liga Mirinzal a Cedral, compreendendo uma distância de 34km, asfaltada em 1998 no governo Roseana Sarney, apresenta boas condições. Cedral tem grande potencial a ser desenvolvido no ramo hoteleiro, turistico, agrícola, da piscicultura e do artesanato, contudo carece de grandes investimentos.
O Bumba-meu-boi também está presente assim como em todo o Maranhão, porém o sotaque característico da região é o de zabumba.
Anualmente, em ocasião do Carnaval, acontecem xarangas e blocos organizados promovidos pela comunidade local; na sede também chamada de jacu, jegue, por influência do Jegue Folia, famoso bloco carnavalesco de São Luís. Nos povoados a diversão fica por conta das festas de entrudo, também chamadas de Salamê, com características próprias, mas com forte influência dos típicos blocos de sujos de São Luís.
Ocorrem também a Festa do Divino, a Dança Portuguesa e a Quadrilha em período junino, o Pastor ou brincadeira do Presépio, festejado nos meses de dezembro e janeiro em ocasião de Natal e Dia dos Reis Magos.
A brincadeira do Pastor ocorre apenas no município de Cedral, não sendo observada em nenhuma outra parte do Maranhão, consiste de um auto teatral do nascimento de Jesus. A brincadeira conta com inúmeros personagens fictícios como anjos, pastores, princesas, reis, rainhas, espanholas, ciganas, floristas e etc… com diálogos e versos cantados ao som de viola/violão, pandeiro, saxofone e/ou clarinete. É vedada a participação masculina neste auto, salvo pelos músicos; é também notória a influência da cultura portuguesa neste folguedo.
São celebradas festas de santos católicos nos povoados, com procissões e levantamento de mastro em alusão ao santo, após a ladainha e rezas, ocorrem geralmente um leilão promovido pela irmandade responsável e distribuição de bolo de tapioca e chocolate aos presentes. A festa profana, propriamente dita, antigamente ficava a cargo de músicos que tocavam o baile, com o tempo os músicos foram sendo substituídos por radiolas, que a partir da década de 1970 passaram a tocar o reggae. Este ritmo caribenho atualmente é tocado em todas as festas.
O tambor de mina ou pajé é uma manifestação de aspecto cultural e religioso, sincrética de origem africana, de elementos trazidos pelos escravos mina–jeje e angola–congo, de práticas indígenas animistas e do catolicismo. Hoje em vias de desaparecimento na região. Outra manifestação de origem africana é o tambor de crioula, que diferentemente das rodas de tambor apresentadas em São Luís, há intervenção masculina, com gestos que lembram a capoeira.
A religião predominante é o catolicismo, sendo a padroeira de Cedral, N. S. da Conceição; a paróquia pertence a diocese de Cururupu. É, contudo, relevante o número de cristãos evangélicos da Assembléia de Deus, que conta com 4 templos e três comunidades, aproximadamente.
MATTOS, Belarmino. Almanaque do Maranhão, Edições de 1862, 1868, 1870, 1872 e 1880. Tipographia Belarmino de Mattos, São Luiz.
MORAES REGO, João Cândido. Almanaque da Província do Maranhão, Tipographia João Cândido Moraes Rego, 1861, São Luiz.
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–Fabio Lindoso (discussão) 01h43min de 23 de maio de 2009 (UTC)