História

Mato Grosso do Sul: descubra e encante-se

História Mato Grosso do Sul

Historicamente vinculado ao Sudeste e Sul brasileiros (até o século XVIII seu território, juntamente com o estado do Paraná, pertencia à província de São Paulo), Mato Grosso do Sul teve, na agropecuária e na extração vegetal, as bases de um rápido desenvolvimento iniciado no século XIX, enquanto o norte minerador (o atual estado de Mato Grosso) vivia sua decadência.

O desenvolvimento desigual entre o norte e o sul do antigo estado de Mato Grosso inspirou movimentos separatistas desde o século XIX. Novas lutas e tentativas de se criar o estado de Mato Grosso do Sul foram registrados durante o surto da borracha, o que exigiu intervenção federal em 1917. Em 1932 foi criada a Liga Sul-Matogrossense com fim de coordenar a campanha separatista.

Apostando no Movimento Constituicionalista de São Paulo, os sulistas aliaram-se aos paulistas, em troca de seu apoio às reivindicações separatistas. Entre julho e outubro de 1932, foi constituído o “Estado de Maracaju”, porém derrotado juntamente com os contitucionalistas. Vindo ao encontro dos interesses dos habitantes de Mato Grosso do Sul, havia já um plano para a redivisão do território brasileiro desde a Constituinte de 1823. Justificava-o sobretudo, a preocupação com os enormes vazios demográficos no Pará, Mato Grosso e Goiás.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o presidente brasileiro Getúlio Vargas decidiu desmembrar seis territórios estratégicos para serem administrados diretamente pelo governo brasileiro.

Foi criado, assim, o Território Federal de Ponta Porã, desmembrado do sudoeste do antigo estado de Mato Grosso, território este remembrado ao Mato Grosso pela Constituição brasileira de 1946. A defesa da redivisão foi retomada pelos tenentes que participaram da Revolução de 1930 e mais tarde, em 1950, por oficiais da Escola Superior de Guerra, que se dedicaram a examinar detalhadamente o assunto.

Em 11 de outubro de 1977, o então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, assinou a lei que, finalmente, desmembrava do território do Mato Grosso um novo estado, Mato Grosso do Sul. Entre os argumentos justificadores do ato, incluíam-se imposições administrativas – o território era grande demais para ser administrado por uma só máquina administrativa – e preceitos da Doutrina de Segurança Nacional, que considerava pouco recomendável a existência de estados grandes e potencialmente ricos na região de fronteira.

O estado de Mato Grosso do Sul foi oficialmente instalado em 1 de janeiro de 1979, sendo o primeiro governador Harry Amorim Costa, nomeado pelo presidente Ernesto Geisel.

O advento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil

O eixo Campo Grande – Três Lagoas, a aproximação com São Paulo e o distanciamento do norte

Nas primeiras décadas do século XX, com o advento da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, considerada um sinônimo de desbravamento da região oeste brasileira, foi notável o aumento da proximidade do sul matogrossense com o estado de São Paulo. De fato, conquanto agora estivesse ligado por vias férrea, rodoviária e fluvial à capital paulista, o sul de Mato Grosso somente se ligava à capital mato-grossense, Cuiabá, através de uma estrada precária.

Dessa maneira, com o estabelecimento das viagens de trem entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, o aumento no número de migrantes dinamizou a economia sul-matogrossense, vinculando-a à paulista e permitindo a expansão de cidades cuja atividade principal era a pecuária, como Três Lagoas e Campo Grande. Simultaneamente, embora continuasse a estar ligada aos principais centros comerciais da Bacia do Prata, em especial Buenos Aires e Montevidéu, através do rio Paraguai, Corumbá, que na década de 1930 possuía vinte e cinco bancos internacionais e a libra esterlina como moeda corrente, começou a ver sua economia decair. Isso se deveu ao fato de que a N.O.B transferiu o eixo econônico do Rio Paraguai, Corumbá e Cuiabá para Campo Grande, Três Lagoas e o leste do estado.

O crescimento demográfico – popularização, militarização e fortalecimento do movimento divisionista

Entre outros benefícios trazidos pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil estavam o crescimento populacional da região sul matogrossense, a urbanização dessa população e, a somar-se a essas positivas mudanças sócio econômicas, a transferência, em 1920, do comando da Circunscrição Militar estadual de Cuiabá para Campo Grande. Dado o subseqüente aumento do contingente militar no sul, as oligarquias sul-matogrossenses, insatisfeitas com a aliança anterior com a oligarquia do norte, de que haviam participado para alcançar seus fins divisionistas, aliaram-se aos militares, submetendo-se, desta maneira, à influência paulista de forma a fortalecer suas causas de divisão estadual. Ao mesmo tempo, juntavam-se a este movimento as novas lideranças dos profissionais urbanos. A causa, assim, expandia-se para além dos ervais.

A Revolução Constitucionalista de 1932 – o estado de Maracaju

A partir da década de 1930, as forças políticas divisionistas do sul, de maneira mais organizada, passaram a realizar pressões junto ao Governo Federal. Quando da Revolução Constitucionalista de 1932, a região sul matogrossense aderiu ao movimento sob a condição de que, em caso de vitória dos revoltosos, obteria a separação do norte. Os militares rebelados, sob o comando de Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar de Mato Grosso, que funcionava em Campo Grande, instalaram no sul matogrossense um governo dissidente sob Vespasiano Martins, então prefeito de Campo Grande. Após três meses de luta, em que o sul do estado de Mato Grosso autodenominou-se “estado de Maracaju”, os divisionistas (constitucionalistas) foram derrotados, não se cumprindo, assim, a promessa de divisão. Esta revolução, no entanto, divulgou o movimento divisionista, tendo Campo Grande se tornado o centro político do mesmo com cidades como Três Lagoas e o Bolsão Sul-Matogrossense apoiando-o.