História

Mato Grosso: descubra e encante-se

História Mato Grosso

Pelo Tratado de Tordesilhas (de 7 de junho de 1494) o território do atual estado do Mato Grosso pertencia à Espanha. Os jesuítas, a serviço dos espanhóis, criaram os primeiros núcleos, de onde foram expulsos pelos bandeirantes paulistas em 1680. Em 1718, a descoberta do ouro acelerou o povoamento. Em 1748, para garantir a nova fronteira, Portugal criou a capitania de Mato Grosso e lá construiu um eficiente sistema de defesa.

Durante as bandeiras, uma expedição chegou ao rio Coxipó em busca dos índios coxiponés e logo descobriram ouro nas margens do rio, alterando assim o objetivo da expedição. Em 1719 foi fundado o Arraial da Forquilha, às margens do rio Coxiponés, formando o primeiro grupo de população organizado na região (atual cidade de Cuiabá). A região de Mato Grosso era subordinada a Rodrigo César de Menezes. Para intensificar a fiscalização da exploração do ouro e a renda ida para Portugal, o governador da Capitania muda-se para o Arraial e logo o eleva a nível de vila chamando de Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá. Com os tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), Espanha e Portugal estabeleceram as novas fronteiras.

A produção de ouro começou a cair no início do século XIX. Em 1892, durante a derrubada do governo de Manuel Murtinho, houve, por parte dos revoltosos, uma intenção de separação de Mato Grosso da República dos Estados Unidos do Brasil, criando-se, para tanto, o Estado Livre da República Transatlântica – o que não encontrou apoio.

Em 1917, a situação se agravou, provocando intervenção federal. Com a chegada dos seringueiros, pecuaristas e exploradores de erva-mate na primeira metade do século XIX, o estado retomou o desenvolvimento.

Em 1977, a parte sul do estado foi legalmente desmembrada, formando assim um novo estado, o Mato Grosso do Sul – o que na prática só se daria em 1979.

Corrida do ouro

A notícia de índios pouco ariscos e descuidados logo se espalhou. Em 1718, um bandeirante de Sorocaba, Pascoal Moreira Cabral Leme, descendente de índios, subiu o rio Coxipó até atingir a aldeia destruída dos coxiponés, onde deu início à rancharia de uma base de operações. Às margens do Coxipó e do Cuiabá, Cabral Leme descobriu abundante jazida de ouro. A caça ao índio cedeu vez, então, às atividades mineradoras. Em 8 de abril de 1719, foi lavrado o termo de fundação do arraial de Cuiabá, e aclamou-se Pascoal guarda-mor regente “para poder guardar todos os ribeiros de ouro, socavar, examinar, fazer composições com os mineiros e botar bandeiras, tanto aurinas, como ao inimigo bárbaro”.

A notícia da descoberta de ouro não tardou em transpor os sertões, dando motivo a uma corrida sem precedentes para o oeste. A viagem até Cuiabá, distante mais de 500 léguas do litoral atlântico, exigia de quatro a seis meses, e era arriscada e difícil em consequência do desconforto, das febres e dos ataques indígenas.

Rodrigo César de Meneses, capitão-general da capitania de São Paulo, chegou a Cuiabá no fim de 1726 e ali permaneceu cerca de um ano e meio. A localidade recebeu o título de Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá. Constituiu-se a câmara e nomeou-se um corpo de funcionários encarregados de dar cumprimento ao rigoroso regulamento fiscal da coroa. Em 1729 foi criado o lugar de ouvidor.

Independência do Brasil

A notícia da independência do Brasil foi recebida ao raiar do ano de 1823. Um governo provisório único substituiu as duas juntas e foi instalado em Cuiabá, o que transformou Vila Bela em “capital destronada”.

As lutas entre as tendências conservadora e liberal refletiram-se na província durante o primeiro reinado e a regência. Foi montada em Cuiabá a tipografia na qual seria impresso o primeiro jornal da província, A Tifis Matogrossense, cujo primeiro número circulou em 14 de agosto de 1839. A situação econômico-financeira da província se agravou, com um déficit orçamentário crescente.

Guerra do Paraguai

Os governos se sucederam sem acontecimentos de maior relevo até a guerra do Paraguai. Uma guarda defensiva montada em 1850 no morro do Pão de Açúcar pelo governador João José da Costa Pimentel irritou o governo paraguaio. Pimentel então recuou ante gestões diplomáticas realizadas em Assunção. Foi substituído pelo capitão-de-fragata Augusto João Manuel Leverger, barão de Melgaço, cujo primeiro governo durou de 1851 a 1857.

Leverger recebeu ordem de concentrar toda a força militar da província no baixo Paraguai, para esperar os navios que deveriam subir o rio com ou sem licença de Solano López. Mudou-se então para o forte de Coimbra, onde permaneceu cerca de dois anos.

O coronel Frederico Carneiro de Campos, nomeado presidente provincial em 1864, subia o rio Paraguai para assumir o posto quando seu navio — o Marquês de Olinda — foi atacado e aprisionado por uma belonave paraguaia. Logo que o Paraguai rompeu as hostilidades, revelou-se a fraqueza do sistema defensivo brasileiro no Mato Grosso, prevista por Leverger. Caiu logo Coimbra, após dois dias de resistência. Em seguida, foi a vez de Corumbá e da colônia de Dourados. A guerra seguiu seu curso, marcada por episódios como a retirada de Laguna, a retomada e subsequente abandono de Corumbá. Dessa cidade, as tropas brasileiras trouxeram para Cuiabá uma epidemia de varíola que teve efeitos devastadores. Para o povo, 1867 seria o “ano das bexigas”, mais que da retomada de Corumbá.

Os últimos anos do império registraram um lento desenvolvimento da província, governada de outubro de 1884 a novembro de 1885 pelo general Floriano Peixoto. Em 9 de agosto de 1889, assumiu a presidência o coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, sob cujo governo se realizou a eleição de que saíram vitoriosos os liberais — triunfo celebrado em Cuiabá com um pomposo baile em 7 de dezembro, pouco antes de chegar à cidade a notícia da queda da monarquia.

República

As aspirações republicanas e federalistas no Mato Grosso tinham tido expressão confusa em várias revoltas, mas no remanso do segundo reinado as agitações se aplacaram. As campanhas pela abolição e pela república tiveram ali repercussão modesta. Ao iniciar-se o período republicano, o Mato Grosso tinha uma população calculada em oitenta mil habitantes. A província ficava segregada: sem estradas de ferro, eram necessários cerca de trinta dias de viagem, passando por três países estrangeiros, para atingi-la, a partir do Rio de Janeiro, por via fluvial.

Em 7 de maio de 1892, Generoso Ponce, a frente de quatro mil homens, iniciou o cerco às forças adversárias na capital e dominou-as em menos de uma semana. Em 22 de junho caiu Corumbá. Vitorioso o Partido Republicano, Manuel Murtinho retornou ao poder.

Surgiu mais tarde, entretanto, uma desavença entre os dois líderes, Ponce e Murtinho. O rompimento consumou-se em dezembro de 1898, com uma declaração pública de Manuel Murtinho, apoiado por seu irmão Joaquim Murtinho, ministro da Fazenda do presidente Campos Sales. Seus partidários conquistaram o poder, num ambiente de grande violência. Mais tarde, contudo, Ponce e Murtinho reconciliaram-se e formaram novo agrupamento político. A vitória dessa corrente política se deu com o movimento armado de 1906, que culminou na morte do presidente Antônio (Totó) Pais de Barros. Seguiu-se um período de interinidade na presidência. Generoso Ponce foi afinal eleito em 1907.

A economia do estado melhorou com a abertura de vias férreas a partir do leste (Jupiá, Três Lagoas e Água Clara) e do oeste (Porto Esperança, Miranda e Aquidauana), para se encontrarem em Campo Grande. A ligação ferroviária com São Paulo foi fator de progresso para o Mato Grosso, por intensificar o comércio e valorizar as terras da região.