Ilhabela é o único município-arquipélago marinho brasileiro e está localizado no litoral norte do estado de São Paulo, microrregião de Caraguatatuba. A população estimada em 2005 é de aproximadamente 26 mil habitantes. Possui uma das mais acidentadas paisagens da região costeira brasileira, com todas as características de relevo jovem.
Com o aspecto geral de um conjunto montanhoso – formado pelo Maciço de São Sebastião e Maciço da Serraria, além da acidentada Península do Boi -, a Ilha de São Sebastião se destaca como um dos acidentes geográficos mais elevados e salientes do litoral paulista, tendo como pontos culminantes o Pico de São Sebastião, com 1379 metros de altitude; o Morro do Papagaio, com 1307 metros; e o Morro da Serraria, com 1285 metros.
Banhado pelo oceano Atlântico, o município está localizado no estado de São Paulo, a 135 quilômetros da capital e a 140 quilômetros da divisa com o estado do Rio de Janeiro. Está situada pouco abaixo do trópico de Capricórnio que passa sobre a cidade vizinha de Ubatuba (um pouco mais ao norte), porém nas partes mais baixas apresentam características de clima Tropical devido a zona de transição entre a zona temperada sul e a tropical sul. Definindo-se como Subtropical tipo Cwa. Já nos picos acima de 1000m o clima é subtropical Cwb, pois a temperatura diminui sensívelmente em função da altitude, das massas atlânticas e polares, e da própria posição, por ser abaixo do Trópico de Capricórnio.
O clima tropical úmido do arquipélago está sujeito a temperaturas normalmente altas, porém não excessivas; pluviosidade anual entre 1.300 e 1.500 mm; umidade do ar elevada, sobretudo na face voltada para o mar aberto e nas montanhas; temperatura média oscilando entre 22° e 23°C.
Ilhabela é um dos quinze municípios paulistas considerados estâncias balneárias pelo governo do estado, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos por Lei Estadual. Tal status garante a esses municípios uma verba maior por parte do Estado para a promoção do turismo regional. Também, o município adquire o direito de agregar junto a seu nome o título de estância balneária, termo pelo qual passa a ser designado tanto pelo expediente municipal oficial quanto pelas referências estaduais.
Pesquisas arqueológicas realizadas desde o final da década de 1990 mostram que pelo menos quatro das ilhas do arquipélago de Ilhabela foram habitadas muito antes da chegada dos europeus ao Brasil. Isso foi possível graças à descoberta de sítios arqueológicos pré-coloniais denominados “concheiros”, “abrigos sob rocha” e “aldeias indígenas”. Os “concheiros” permitiram aos arqueólogos concluírem que os primeiros habitantes do arquipélago foram os chamados “homens pescadores-coletores do litoral”, indígenas que não dominavam a agricultura e nem a produção de cerâmica, sobrevivendo apenas do que encontravam na natureza, especialmente animais marinhos. Não existe ainda a datação de nenhum desses “concheiros”. Também foi encontrada na Ilha de São Sebastião grande quantidade de cerâmica indígena da tradição Itararé, possivelmente produzida por indígenas do tronco lingüístico macro-jê. Não há, até o momento, nenhuma evidência arqueológica de que tenha existido no arquipélago alguma aldeia do tronco lingüístico tupi.
Em 20 de janeiro de 1502 a primeira expedição exploradora enviada ao Brasil pelos portugueses, comandada pelo navegador português Gonçalo Coelho e trazendo a bordo o cosmógrafo italiano Américo Vespúcio, encontrou uma grande ilha que, segundo o aventureiro alemão Hans Staden, era chamada pelos tupis de Maembipe (“lugar de troca de mercadorias e resgate de prisioneiros“). Essa ilha, assim como fora feito em outros acidentes geográficos importantes, foi batizada pelos membros da expedição com o nome do santo do dia, São Sebastião.
Com a chegada do português Francisco de Escobar Ortiz sendo o primeiro povoador da ilha de S. Sebastião, onde obteve de Pero Lopes de Sousa, donatário da capitania, cem léguas de terra para si e sua nobre geração e de sua mulher Ignez de Oliveira Cotrim, que ambos vieram da capitania do Espírito Santo para a ilha de S. Sebastião. Ignez de Oliveira Cotrim era bisavó do Capitão Bartolomeu Pais de Abreu, de João Leite da Silva Ortiz e de sua neta de mesmo nome Ignez de Oliveira Contrim casada com Antonio de Faria Sodré irmão do Padre João de Faria Fialho. Segundo escreveu Pedro Taques, foi Francisco de Escobar Ortiz senhor de dois engenhos de açúcar, os primeiros na ilha.
Em 1608 chegariam outros sesmeiros que viriam a se estabelecer em ambas as margens do Canal de São Sebastião. Em 16 de março de 1636 seria criada a Vila de São Sebastião, que se desmembrou político-administrativamente da Vila do Porto de Santos. A nova Vila abrangeu também o território da Ilha de São Sebastião.
No começo do século XIX, quando a Ilha de São Sebastião contava com cerca de três mil habitantes e seu principal povoado chamava-se Capela de Nossa Senhora D’ajuda e Bom Sucesso. Nessa época foi iniciado um movimento por emancipação da Ilha de São Sebastião da Vila de São Sebastião, liderado pelo capitão Julião de Moura Negrão, pelo Alferes José Garcia Veiga e pelo senhor de engenho Carlos Gomes Pereira. Sensibilizado, o capitão-general (cargo equivalente, nos dias de hoje, ao de governador) Antônio José da Franca e Horta baixou, em 3 de setembro de 1805 a portaria elevando a antiga Capela de Nossa Senhora D’ajuda e Bom Sucesso à condição de Vila. Por indicação do próprio Franca e Horta, a nova vila seria denominada Vila Bela da Princesa, em homenagem à Princesa da Beira, a Infanta Dona Maria Teresa Francisca de Assis Carlota Joana Josefa Xavier de Paula Micaela Rafaela Isabel Gonzaga de Bragança, filha mais velha de D. João VI e D. Carlota Joaquina, irmã de D. Pedro I. Vila Bela da Princesa foi oficialmente instalada à 23 de janeiro de 1806.
Em 21 de maio de 1934, o governo paulista realizou, em meio a grave crise econômica pela qual atravessava o país, uma reestruturação na divisão territorial do Estado, quando extinguiu 18 pequenos municípios, entre eles o de Vila Bela da Princesa (cujo nome já havia mudado para Vila Bela), que voltou a integrar o território da Vila de São Sebastião. A extinção do município foi revogada em 5 de dezembro de 1934. Por imposição do governo ditatorial de Getúlio Vargas que baixou o decreto federal nº 2140, o nome de Vila Bela mudou, a partir de 1º de janeiro de 1939, para Formosa. Inconformados, os moradores iniciaram um movimento popular contra o novo nome até que, em 30 de novembro de 1944, o governo estadual baixou o decreto nº 14334, mudando o nome do município, a partir de 1º de janeiro de 1945, para Ilhabela.
A economia do município baseia-se no turismo ,no comércio e na contrução civil, com a pesca e o artesanato ocupando posições secundárias em termos econômicos.
O turismo movimenta a economia durante a temporada. A população chega a se multiplicar até cinco vezes nessa época. A cada ano cresce o número de turistas. Ilhabela é conhecida por suas praias, cachoeiras, trilhas e borrachudos.
O município-arquipélago de Ilhabela possui um território de 348,3 km² (IBGE) e suas principais ilhas são, pela ordem em termos de área, a de São Sebastião, a dos Búzios, a da Vitória e a dos Pescadores – todas habitadas. Fazem parte ainda do arquipélago os ilhotes das Cabras, da Sumítica, da Serraria, dos Castelhanos, da Lagoa, da Figueira e das Enchovas. A Ilha de São Sebastião – onde fica a área urbana do município – está localizada defronte aos municípios de São Sebastião a noroeste e Caraguatatuba a norte. Com 337,5 km², a Ilha de São Sebastião é a segunda maior ilha marítima do Brasil, superada apenas pela de Santa Catarina, que abriga a maior parte do município de Florianópolis, a capital de Santa Catarina. Em sua orla – com cerca de 130 quilômetros extensão – o relevo desenha reentrâncias e mergulhos, com 45 praias principais e outra dezena de pequeninas praias situadas, irregularmente, ao pé das escarpas.
A ilha de São Sebastião está separada do continente pelo Canal do Toque-Toque, que possui cerca de 18 quilômetros de extensão e largura variando em torno de dois a cinco quilômetros. É nela que se localiza a área urbana do município, sendo possível atingi-la através do serviço de travessia por balsas da Travessia São Sebastião-Ilhabela da Dersa. A ilha possui um relevo bem acentuado, com montanhas com mais de mil metros de altura. Essas formações com grande altitude fazem uma barreira para os ventos carregados que vêm do mar, e por isso, mesmo com características tropicais.
O clima da região é o subtropical, com a presença de massas de ar quente e fria simultâneamente bem distribuídas ao ano. O clima é determinado pela posição geográfica abaixo do trópico de capricórnio, porém, essa zona de transição torna o município ainda com características tropicais a subtropicais, com grandes tendências para chuvas – principalmente as de verão. Portanto a parte baixa do município de Ilhabela, segundo Köppen é subtropical Cwa e a parte de cima (nos 1000m de altitude), o clima é subtropical Cwb.
Uma das características marcantes de Ilhabela é a predominância da Mata Atlântica, sendo a Serra de Ilhabela coberta pela floresta latifoliada tropical úmida de encosta. Dentre todos os municípios abrangidos pela Mata Atlântica, Ilhabela foi aquele que mais preservou a floresta no período compreendido entre os anos de 1995 a 2000, graças a um programa de contenção da expansão urbana desordenada que é desenvolvido pela administração municipal na área de entorno do Parque Estadual de Ilhabela.
O Parque Estadual de Ilhabela (PEI) foi criado em 20 de janeiro de 1977, pelo decreto estadual nº 9414, com área de 27,025 hectares, o que corresponde a cerca de 78% do território abrangido pelo arquipélago Ilhabela.
Dados do Censo – 2000
(Fonte: IPEADATA)
A ilha possui 36 km de praias.
|
|
Diz-se que Ilhabela tem 365 cachoeiras, mas isso não é verdade. Os nativos chamam de “cachoeira” qualquer rio que desce sobre pedras. Quedas d´água dignas do nome não devem somar mais de 30.
|
|
Existem atualmente 360 cachoeiras registradas, estas são apenas as principais.
Os acessos podem ser feitos pela rodovia Manuel Hipólito Rego até São Sebastião.
A ligação entre São Sebastião e Ilhabela é feita pela Travessia São Sebastião-Ilhabela de balsas, operada pela Dersa. O percurso dura em média 15 minutos.
Se não bastasse o magnetismo das rochas de ilhabela para descontrolar as bússolas, existe também a chamada “Zona de Silêncio”, local onde os meios de orientação conhecidos tornam-se inferiores. As maiores vítimas dessas interferências são as pequenas aeronaves, nas quais equipamentos de navegação, apesar de sofisticação, não tem a complexidade dos aparelhos de grande porte.
Assim é que vários casos de aviões sinistrados são encontrados na região delimitada pelo triângulo de Ilhabela. Em 15 anos desapareceram nada menos que dez aviões, sendo que o último ocorreu no dia 12 de outubro de 1992.
Como em todo acidente, com ou sem vítima fatais, existem várias versões para a causa. Uma delas é a explicação técnica de que a região nada tem de azarada.
Trata-se apenas de uma rota que passa pelo encontro do mar com a montanha, sujeita a mudanças bruscas de tempo e que deve ser olhada com bastante cuidado pelos pilotos.
Outra versão é de que os acidentes ocorreram por falhas humanas ou técnicas das aeronaves. Todavia, isso não explica a grande incidência de casos numa mesma região, distando apenas poucos quilômetros um do outro, distância essa que para um acidente aeronáutico é irrisória.
Mas há ainda pelo metros mais uma versão para a causa dos acidentes. Aquela que para quem conhece os mistérios da área do triângulo, parece ser a que melhor explica as causas dos acidentes. Em pesquisas realizadas na região do triângulo, foram detectados vários sinistros, os quais ocorreram conforme o seguinte relato:
a) DC-4 – 1958 – Pousou em chamas próximo à praia da Baleia, na costa sul de São Sebastião (SP), sem causar vítimas.
b) CESSNAPT – 25 de janeiro de 1972 – 4 mortos – localizado somente 12 anos mais tarde, por acaso, no alto da Serra do Mar.
c) CESSNA – 1978 – 2 mortos – Desapareceu. Meses depois seus destroços foram encontrados na Serra do Mar, próximo à Mogi das Cruzes.
d) CESSNA – l978 – 3 mortos – Parentes do ex-presidente do Banco do Brasil Alberto Policaro. Destroços encontrados ao norte de Parati, na Serra do Mar.
e) ISLANDER PT KHK – 1980 – 8 mortos – Seis geólogas do Projeto Rondon e dois tripulantes. Desapareceram na rota Rio-São Paulo, próximo a Ubatuba, sem deixar vestígios.
f) BANDEIRANTES – 1984 – 14 mortos – Caiu ao norte do triângulo, próximo ao litoral do Rio de Janeiro
g) NA V AJO -2 de março de 1984 – A aeronave, pilotada por Carlos Pasqualini, caiu no mar na praia do Cruzeiro, onde conseguiu se salvar.
h) GIRACÓPTERO – 15 de outubro de 1985 – Ferimentos graves no piloto, o Sargento PM Walter Rodrigues. Teve falha no motor. Caiu na praia de Indaiá, em Bertioga.
i) NA V AJO – 1988 – 4 mortos – Caiu em Ubatuba (SP), próximo à praia de Pomba, no caminho de Parati.
j) CORISCO – 1988 – 4 mortos – O único sinal encontrado foi o corpo de um dos ocupantes, recolhido por pescadores na costa da Ilhabela.
I) ULTRALEVES DA POLÍCIA MILITAR – Causou a morte do Capitão Paulo Menezes e um piloto ficou ferido.
m) HELICÓPTERO “ESQUILO PT-HMK” – 12 de outubro de 1992 – Levantou vôo às 15:30 h do aeroporto de Angra dos Reis (RJ) para um vôo visual com destino a São Paulo, e sem definição prévia de rota, sem manter contato com órgãos de proteção de vôo e tráfego aéreo, o piloto Jorge Comeratto após 15 minutos de vôo sobre a Baía de Ilha Grande, já a velocidade de 200 km/h foi surpreendido por uma chuva de granizo e ventos fortes. Ele procurou voar sobre o mar, evitando a serra, onde havia neblina, tentando voar cada vez mais baixo para manter uma situação visual melhor. Transportava o Deputado Federal Ulysses Guimarães, sua esposa Mora Guimarães, o empresário Severo Gomes e sua esposa Henriqueta Gomes, todos falecidos, fato que atingiu grande repercussão nacional.
Apesar de todos os esforços, as equipes de busca que contaram com mergulhadores, navios da marinha, aviões, helicópteros e até um robô mecânico instalado no navio Astro-Garopa (Remote control Video -RCV) equipado com um sonar capaz de delinear as fort11as de qualquer objeto que estiver no fundo do mar. Não foi possível a localização do corpo do Deputado Ulysses Guimarães, cujo o fato passa a somara dezenas de outros desaparecimentos nas águas misteriosas da região do Triângulo.
Um fato curioso é que parte da fuselagem do helicóptero “Esquilo PT -HMK”, foi encontrado em Ilhabela por pescadores, próximo a Praia de Guanchumas. Fica aqui uma indagação de o por quê?
A proporção do acidente que envolveu o episódio de Ulysses Guimarães, merece um estudo mais aprofundado, até mesmo um livro. Em futuras edições, pretendemos fazer um estudo mais aprofundado com referência a este capítulo. Como se pode observar, a incidência de acidentes é grande. Alguns desses aparelhos desapareceram por completo, outros encontrados anos após, outros desaparecidos para sempre. Todavia parte de seus tripulantes, seus corpos jamais fora m localizados. Pretendemos efetuar um levantamento nas delegacias da região para ternos um número exato de desaparecidos. Não só dos aviões perdidos, mas também de pescadores, embarcações e outros.