Caicó é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte localizado na região do Seridó na Microrregião do Seridó Ocidental, na Mesorregião Central Potiguar e também no Pólo Seridó. Está distante 269 km da capital do estado, Natal.
A cidade nascida na confluência dos rios Seridó e Barra Nova é a sétima cidade mais populosa do estado do Rio Grande do Norte. Caicó é conhecida especialmente como centro pecuarista e algodoeiro.
Sua atração mais famosa é a Festa de Santana, realizada no mês de julho, e que está em processo de ser tombada Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN. Caicó também é lembrada pela sua população religiosa, seus bordados e sua rica culinária típica[5] , além de seu singular carnaval.
Caicó apresenta o mais alto índice de desenvolvimento humano do interior e semi-árido nordestino. Assim como a maior esperança de vida ao nascer de 73,317 anos, alcançando o maior índice de longevidade do Rio Grande do Norte: 0,805, sendo considerado “elevado” pela ONU.[6]
Contam-se várias lendas sobre a origem da cidade,porém todas citam um vaqueiro português que a procura de água para o seu gado durante uma seca, se depara com um touro bravio de feições míticas. Aflito diante de tal situação, o vaqueiro faz uma promessa à Sant’Ana,onde se conseguisse escapar do touro e encontrar água construíria uma capela em sua homenagem. Então nesse momento, viu-se que o touro dasaparecera e logo o vaqueiro encontrou um poço,onde segundo relatos nunca secaste. Diante disso,o mesmo contaste o relato à amigos, onde então iniciaram a construção da capela, marco inicial do povoamento de Caicó.
Por volta da metade do século XVII, com o fim das invasões holandesas, inicia-se o processo de interiorização da Capitania do Rio Grande. Nessa época, a Coroa Portuguesa começa a conceder porções de terras a particulares, chamadas de sesmarias e eram destinadas a pecuária, uma vez tal atividade não era permitida nas terras do litoral, então destinadas exclusivamente ao plantio de cana-de-açúcar. Essa idéia também agradou a Igreja Católica, pois serviria para a propagação do “povo de Deus na terra”.
A atitude da Coroa Portuguesa foi interpretada pelos indígenas como uma usurpação. Então deu-se início a uma sangrenta guerra entre os índios Tapuias-Tarairius contra a presença luso-brasileira, esses conflitos ficaram conhecidos como Guerra dos Bárbaros. Com o objetivo de proporcionar maior segurança aos luso-brasileiros, foi construído a Casa-Forte do Cuó, a mando do Coronel Antônio de Albuquerque Câmara, e posteriormente receberia reforços de Domingos Jorge Velho, bandeirante conhecido por desbaratar o Quilombo dos Palmares.
Existem várias versões sobre a origem do nome do município de Caicó. No dicionário da língua Tupi-Guarani, Lemos Barbosa diz que a palavra Caicó, deriva da língua Cariri e que significa “Mato Ralo”. Acredita-se que a região fosse habitada pelos índios Caiacós, da família dos Cariris, e que os mesmos denominaram a região de Cai-icó, que significaria “macaco esfolado” por causa dos serrotes cuja vegetação era desmatada.
Segundo o pesquisador Olavo de Medeiros Filho, o topônimo vinha de uma ave agourenta, comedora de cobras e que havia em abundância no curso d’água que passava próximo a casa-forte do cuó, chamado rio Acauã. O topônimo “acauã” e “cuó” seriam sinônimos, sendo a primeira forma em tupi e a segunda em tarairiu, onde ambas as formas designavam o pássaro que dava nome ao rio e à região. Considerando a partícula “quei”, como sendo “rio”, rio Acauã seria o mesmo que “Queicuó”, e posteriormente se tornaria Caicó.
Porém a versão mais aceitável é defendida por Câmara Cascudo, onde na qual refere sua gênese a partir dos termos “Acauã” e “Cuó”, que servem à designação de acidentes geográficos (rio e serra, respectivamente). “Acauã” pertence a língua Tupi, enquanto “Cuó” ao dialeto dos Tapuias e Tarairius. Tais tribos ainda identificavam o rio pelo termo “quei”, o que sugere que Caicó seja uma corruptela de “Queicuó”, o mesmo que rio do Cuó. Tal teoria, desmistifica a lenda que relata a existência de uma tribo chamada Caiacós (citada anteriormente), pois não há registro histórico algum, que comprove a existência dessa tribo na região.
No final do século XIX, popularizou-se o plantio de algodão nas terras do Seridó, que até então era dominada pela pecuária. Caicó, assim como toda a região do Seridó, se orgulhava em produzir uma das melhores variedades de algodão do mundo, o algodão Mocó ou algodão Seridó, variedade que resistia as secas e fornecia capuchos de fibras longas, resistentes, de brancura única e poucas sementes.
O algodão seridoense abastecia inicialmente as indústrias têxteis da Inglaterra, que até esse momento se abastecia do algodão norte-americano, mas por motivo de sua independência teve seu fornecimento bloqueado, e então foi preciso buscar sua matéria-prima em outros locais. Quando a Inglaterra retomou o comércio com os Estados Unidos, o algodão seridoense ficou em segundo plano, mas a produção já tinha destino substitutivo: as indústrias paulistas que começavam a surgir.
Em 1905, o algodão supera o status do açúcar no estado, que com o crescimento econômico faz-se surgir políticos seridoenses, assim como de uma elite agrária local. Ao assegurarem o controle político do estado, buscou-se realizar as melhorias adequadas para o cultivo e escoamento do algodão. Em 1924, foi criado o Departamento de Agricultura, posteriormente o Serviço Estadual do Algodão (1924) e o Serviço de Classificação do Algodão (1927), além de outras melhorias como a construção de rodovias ligando o Seridó à capital.
Mas em meados de 1918, os paulistas começam a investir em sua produção própria, após uma geada que destruiu as plantações de café e gradativamente deixaram de comprar o algodão seridoense; aliados a falta de investimentos em tecnologia, secas prolongadas e a inserção de pragas, como o bicudo que dizimou vastos algodoais, iniciou-se então a decadência do ciclo algodoeiro.
Clima semi-árido, com estação chuvosa atrasando-se para outono.
Precipitação Pluviométrica Anual: normal: 716,6 mm
Período chuvoso: fevereiro a maio.
Temperaturas Médias Anuais:
máxima:33,3°C
média:27,5°C
mínima:18°C
Umidade Média Anual: 59%
Horas de Insolação: 2700 horas
Caatinga Subdesértica do Seridó– vegetação mais seca do RN, com arbustos e árvores baixas, ralas e de xerofitismo mais acentuado. Sendo as espécies predominantes: o pereiro, faveleiro, facheiro, macambira, xique-xique e a jurema. Segundo o Plano Nacional de Combate a Desertificação, Caicó está inserida em área susceptível à desertificação em categoria “Muito Grave”.
O solo mais predominante é o Bruno Não-Cálcico Vértico, de fertilidade natural alta, textura arenosa/argilosa e média/argilosa, moderadamente drenado com relevo suave e ondulado.
Sua altitude varia de 100 a 200m. A sede do município se localiza na Depressão Sertaneja, terrenos baixos situados entre as partes altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi. As serras e picos mais altos do município pertencem ao Planalto da Borborema. O ponto mais elevado do município é a Serra de São Bernardo, com 638 metros de altitude.
O município encontra-se totalmente inserido nos domínios da bacia hidrográfica Piranhas-Açu, sendo banhado pelos seguintes rios:
Ainda podemos encontrar uma concentração de pequenas lagoas e açudes de pequeno e grande porte, sendo o mais importante o Açude Itans com capacidade para 81.750.000 m³ de água. Todos os cursos d’água encontrados no município são de natureza intermitente.
A mais importante atividade econômica foi o beneficiamento do algodão. Atualmente, o meio rural sobrevive da agricultura familiar e da produção de leite, carne-de-sol e do queijos de manteiga e de coalho. Caicó possui o maior rebanho de bovinos e a maior produção leiteira do Rio Grande do Norte.[7]
A cidade destaca-se ainda por ser o maior pólo de produção de bonés do Nordeste do Brasil[8]. Tradicionalmente a cidade se destaca pela produção de bordados artesanais típicos que são valorizados no mercado interno e externo. A indústria têxtil vem se consolidando como a vocação da cidade e vem crescendo paulatinamente, principalmente o ramo de confecção de camisetas e underwear.
A cidade ainda possui várias indústrias de beneficiamento de alimentos, como de laticínios (leite pasteurizado,queijos e yogurte), café (torrefação e embalamento), sorvete, bolachas e biscoitos. A produção de cachaças já se destaca a nível nacional, tendo sua qualidade atestada pela imprensa especializada. No setor secundário ainda se destaca a produção de produtos à base de argila, como tijolos, lajotas e telhas.
No setor terciário a cidade polariza os serviços da região do Seridó Potiguar e Paraibano, com serviços médicos, jurídicos, escolares e bancários; funcionalismo público; a presença das Forças Armadas – 1º Grupamento de Engenharia de Construção– 1º Batalhão; além de seu intenso e diversificado comércio realizado com as cidades da região. Outro segmento que cresce no município é o turismo,onde observa-se a cada dia aumentar o número de restaurantes, pousadas, hotéis e a consequente especulação imobiliária.
Caicó faz parte do pólo turístico do Seridó ou Roteiro Seridó.
No município acontece práticas de ecoturismo, em suas serras, grutas e rios podem-se realizar rapel, escalada, rali, mountain bike, acampamentos, trilhas e trekking; Em locais como a Serra de São Bernardo, Serra da Formiga, Gruta da Caridade e Pedra da Baleia localizada no rio Seridó.
No turismo cultural, destaca-se a Irmandade dos Negros do Rosário, criada em 1771, onde pode ser vistas seus rituais que utilizam lanças e danças tribais ao som de tambores seculares. Ainda pode-se visitar o Museu do Seridó, onde pode se conhecer a história do povo seridoense, seu modo de vida e seus ciclos econômicos, além de exposição de artistas locais. Outro destaque é o artesanato local, onde Caicó é conhecida como “Terra do bordado”, pela excelência de seus trabalhos manuais, herança da colonização portuguesa. A culinária é outro atrativo da cidade, que se destaca nacionalmente pela qualidade de sua carne-de-sol, queijo de manteiga e de coalho, manteiga-de-garrafa, assim como seus doces tipícos: filhós, chouriço e biscoitos caseiros. Além da nova vedete: a produção de cachaças.
Dentre o turismo de eventos destaca-se o carnaval, que já figura entre os maiores do nordeste. Onde o principal atrativo é o “bloco Ala Ursa” ou “bloco do Magão”, que arrasta multidões pelas ruas da cidade ao som de frevo e marchinhas, acompanhada de bonecos gigantes, burrinhas e papangus. A sexta-feira destaca-se pela saída do bloco das Virgens, onde os homens vão trajados com roupas femininas e as mulheres vão vestidas de homem. À noite, o carnaval acontece no complexo turístico Ilha de Santana, onde os blocos formados pelos jovens, geralmente com nomes irreverentes celebram o carnaval ao som de músicas atuais de axé e forró-elétrico. Um detalhe que deixa o carnaval caicoense único é a confecção de caixotes, onde os blocos conservam as bebidas que serão consumidas durante a festa. Na Ilha de Santana forma-se um corredor onde os blocos “rivalizam” a atenção para seu caixote, onde há até a existência de caixotes motorizados.
Caicó é um destino potencial de turismo religioso, a Festa de Sant’Ana realiza na última semana de julho, já é o maior evento socio-religioso do Rio Grande do Norte. A festa é uma mistura de sagrado e profano que atrai turistas de todos os cantos do RN. A Festa de Sant’Ana é candidata a se tornar Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN, caso aconteça será a primeira manifestação cultural a possuir tal mérito do estado.
A arte do bordado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses por volta do século XVII e século XVIII, sendo apenas um dos passatempos favoritos das esposas dos exploradores. A região do Seridó, principalmente Caicó e Timbaúba dos Batistas, são as cidades que mais refletem essa tradição lusa, apresentando características semelhantes ao bordado típico da Ilha da Madeira, em Portugal; tais indícios podem ser comprovados através das estampas atuais, flores e pístilos, que remetem a padrões próprios da Ilha da Madeira. Porém as mulheres seridoenses deram características bem nordestinas a essa arte, utilizando de cores vivas, representando a fauna e a flora locais. O bordado é realizado diretamente sobre o tecido, geralmente utilizando linho, percal ou polialgodão. Originalmente, este artesanato era produzido à mão, apenas com agulha e linha colorida. Mas com a industrialização, as bordadeiras já se utilizam de máquinas de costura[9].
O município tem seu Poder Executivo administrado por um prefeito e vice-prefeito escolhidos pelo voto popular nas eleições municipais promovidas pelo TRE – Tribunal Regional Eleitoral, assim como o Poder Legislativo é constituído por uma câmara composta por 10 vereadores eleitos de igual modo, com direito a um mandato de 4 anos.
A cidade possui 2 distritos: Distrito da Palma e Distrito de Laginhas, que são administrados por subprefeitos escolhidos por indicação do prefeito eleito da cidade.
Caicó conta com 105 unidades escolares, sendo 27 pertencem a esfera estadual,47 são de domínio municipal e particulares se contabilizam 31.Dessas 68 escolas se localizam na zona urbana e 37 na zona rural. Quanto ao tipo de ensino, 51 dispõem de ensino pré-escolar, 75 dispõem de ensino fundamental e na cidade existem 8 escolas com ensino médio.
As escolas que possuem Ensino Médio são as seguintes:
A cidade conta com 4 estabelecimentos de ensino superior presencial e várias de ensino à distância. Os principais centros de ensino superior presencial são:
O município possui uma unidade do IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (antigo CEFET), SENAC, SENAI, Centro Tecnológico Têxtil em fase de implantação; além de alguns cursos privados e franquias de cursos técnico-profissionalizantes.
Caicó dispõe ainda da Biblioteca Municipal Olegário Vale sediada em um prédio histórico da cidade, que detem um acervo de aproximadamente 8 mil livros. Recentemente a mesma teve sua estrutura renovada, com rampas de acessibilidade, laboratórios de informática, videoteca, salas de estudo e pesquisa, sala infanto-juvenil e hemeroteca.
Segundo o DATASUS, a cidade possui 322 leitos hospitalares, no Hospital do Seridó, Hospital Regional do Seridó e Unidade de Oncologia do Seridó-Liga Norte Riograndense contra o Câncer; o município conta 90 estabelecimentos de saúde, sendo 13 unidades do Programa Saúde da Família, 7 unidades básicas, 4 postos de saúde na zona rural, 1 centro clínico, uma policlínica CRIS-Centro Regional Integrado se Saúde, CEREST-Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador, 1 laboratório municipal e 1 laboratório regional, Divisão de Vigilância Sanitária, Centro de Controle de Zoonoses, Centro de Apoio Psicossocial-CAPS (Hospital Psiquiátrico Milton Marinho), Farmácia UNICAT, Hemocentro, Pronto-atendimento Unimed 24 horas, além das várias clínicas e consultórios privados.[10]
O museu é uma instituição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo uma unidade de preservação, conservação e divulgação da memória e da história seridoense. Sediado no antigo prédio do Senado da Câmara e cadeia pública da Vila do Príncipe, concluída em 1812. O acervo existente foi contextualizado a partir de um tema central- Seridó, terra nossa de cada dia, dividido em cinco núcleos expositivos: Seridó, terra e homem pré-cabralino; Sociedade, produção e trabalho; Devoção e arte no Seridó; Ofício e arte do Seridó; e Indústria alimentícia de subsistência. O museu ainda conta com exposições provisórias de artistas locais.
O Centro Cultural foi inaugurado em 2002,possui 447 poltronas, 2 camarotes, uma sala de projeção de cinema, 4 camarins, 5 salas para oficinas, estacionamento para 300 carros, além de ar condicionado central. Ele está localizado no bairro Paraíba e ocupa uma área de 1770 m². Destina-se a apresentação de expressões artísticas, como teatro, música, dança e artes plásticas.
Localizada no Sobrado do Padre Brito Guerra, prédio histórico da cidade, o local é dos mais atuantes quanto a presença de manifestações culturais. Contando atualmente com duas exposições permanentes: Brinquedos Populares e Galeria dos Imortais Caicoenses.
O município possui 6 emissoras de rádio, sendo elas o principal meio de comunicação das notícias locais: Rural de Caicó AM-830KHz; A voz do Seridó AM-1100KHz; Rádio Caicó AM-1290KHz; Liberdade FM-88 MHz; Rural FM-95 MHz; Solidariedade FM-106MHz. A transmissão de televisão é feita por retransmissoras, podendo ser captadas em sinal aberto as seguintes emissoras: TV União(Canal 7), TV Record(Canal 8), SBT(Canal 10), Rede Globo(Canal 12), Rede Vida(Canal 15) e Rede TV!(Canal 17). A cidade ainda possui jornais impressos de circulação semanal e quinzenal. A cobertura das notícias locais ainda pode ser acompanhada em sites e blogs especializados.
Os fortes traços de influência européia da população caicoense fez com que os habitantes recebessem a alcunha de galegos, que era utilizado para designar as pessoas mais claras que vieram majoritariamente de norte de Portugal e da fronteira Galega na Espanha. Os primeiros colonizadores vieram das terras portuguesas, principalmente da região do vale do Minho, seguida das regiões de Açores, Estremadura, Douro e Trás-os-Montes. A cidade é muito conhecida por sua população apresentar basicamente três sobrenomes: Araújo, Medeiros e Dantas.
Cor/Raça | Percentagem |
---|---|
Branca | 57,32% |
Negra | 3,31% |
Parda | 38,48% |
Amarela | 0,015% |
Indígena | 0,06% |
Fonte: Censo 2000
Ano | 1991 | 1996 | 2000 | 2007 |
Evolução Populacional | 50.640 | 51.513 | 57.002 | 60.657[11] |
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